
Com operações de crédito rural mais rígidas, devido à adequação às normas de ESG (Ambiental, Social e Governança, na sigla em inglês), bancos e cooperativas de crédito precisam aperfeiçoar cada vez mais suas análises de risco no agronegócio.
A forma mais eficiente de fazer isso é por meio do uso da inteligência territorial, que envolve o uso de tecnologias geoespaciais avançadas para melhor compreensão de um território e auxiliar na tomada de decisão.
Com isso, é possível identificar, avaliar e mitigar possíveis ameaças às operações de crédito rural, o que favorece à proteção dos negócios e à reputação da instituição.
Na SpectraX, a ferramenta de inteligência territorial para análise de riscos no agronegócio possibilita diversas análises, como a criação de relatórios customizados para o seu compliance. Saiba mais neste artigo!
O que é análise de riscos no agronegócio?
A análise de riscos no agronegócio objetiva identificar, avaliar e mitigar potenciais ameaças a, por exemplo, um projeto de concessão de crédito rural.
Esta ação é necessária porque a produção agrícola, de um modo geral, é uma atividade de risco, sobretudo por conta da dependência de condições climáticas ideais e das oscilações do mercado global de alimentos.
Instituições financeiras e cooperativas de crédito rural devem analisar riscos no agronegócio para que suas operações sejam mais seguras ou tenham o menor impacto possível em caso de danos inevitáveis, como desastres climáticos ou guerras, o que diminui o rendimento do produtor rural e suas chances de honrar com os compromissos.
Mas, para além da questão financeira, os bancos e cooperativas de crédito devem observar também potenciais ameaças à sua reputação no momento de conceder o crédito.
Até mesmo porque, nos últimos anos, há uma cobrança muito maior pela transparência no destino dos recursos públicos e enquadramento às normas de ESG por parte de quem os recebe.
Em 15 de dezembro de 2024, por exemplo, foi publicada a Resolução CMN nº 5.193, que altera as normas da Seção 9 do Capítulo 2 do Manual de Crédito Rural, sobre impedimentos sociais, ambientais e climáticos para liberação do crédito rural.
A nova resolução estabelece critérios mais rigorosos para a concessão do crédito rural no contexto da agenda ESG, com promoção das práticas de sustentabilidade ambiental. E uma das principais ferramentas que auxiliam no cumprimento dessa e outras normas ESG é a inteligência territorial.
O que é a inteligência territorial?
A inteligência territorial aborda as relações do território com a produção agropecuária, sendo os focos de análise a atribuição, ocupação e uso da terra.
A atribuição diz respeito à destinação do território. No Brasil, 37,1% do território foi atribuído pelos governos federal e estaduais às unidades de conservação, terras indígenas, comunidades quilombolas, assentamentos da reforma agrária e áreas militares.
De acordo com informações oficiais, há no país 12.184 áreas legalmente atribuídas, abrangendo um território de 315.924.844 hectares.
Áreas atribuídas no Brasil
(Fonte: Embrapa)
As atribuições oficiais, no entanto, são continuamente desrespeitadas, com inúmeros casos de propriedades rurais sobrepostas a esses territórios, o que gera os conflitos fundiários e agrários.
Pelas normas do Manual de Crédito Rural, propriedades rurais que estão com problemas desse tipo não podem ser beneficiadas com o crédito rural.
A ocupação de terras relaciona-se com a parte que sobra dos 62,9% do território, onde estão estruturadas as cidades e suas infraestruturas de energia, mineração, transporte (ferrovias e rodovias) e as superfícies hídricas.
Aqui há uma interseção entre as propriedades rurais e as áreas destinadas a assentamentos rurais e quilombolas, já que elas são ocupadas também com atividades agropecuárias.
Sobre o uso da terra, metade do país (50,7%) é ocupado pela agricultura e pecuária. Dentro das propriedades rurais estão incluídas também as áreas de proteção ambiental (floresta plantada e vegetação preservada, ou 20,5%). O uso efetivo da agricultura e pecuária é, assim, de 30,2%.
Ainda segundo dados oficiais, 26,7% da ocupação do território brasileiro tem sua atribuição, ocupação e uso destinados à proteção da vegetação em unidades de conservação e terras indígenas, e 18,9% são terras devolutas e áreas sem registro no CAR (Cadastro Ambiental Rural).
Quais riscos analisar por meio da inteligência territorial
Os riscos a serem analisados estão relacionados às condições básicas do Manual de Crédito Rural para o acesso ao crédito, onde estão uma lista de impedimentos sociais, ambientais e climáticos.
É vedada a concessão de crédito rural a pessoa física ou jurídica que:
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não tiver a propriedade rural inscrita no CAR ou cujo registro esteja cancelado;
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esteja na lista de empregadores que mantiveram trabalhadores em condições análogas à escravidão;
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tiver empreendimento rural total ou parcialmente inserido em área inscrita no Cadastro Nacional de Unidades de Conservação, a não ser que a atividade econômica se encontre em conformidade com o Plano de Manejo da Unidade de Conservação;
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esteja inserido total ou parcialmente em terras ocupadas por indígenas que estejam homologadas, regularizadas ou definidas como Reserva Indígena no Sistema Indigenista de Informações da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas);
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se sobreponta parcial ou totalmente às áreas de legalmente reconhecidas e tituladas como de remanescentes de comunidades quilombolas;
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possua embargo por órgão ambiental estadual ou federal, decorrente de uso econômico, de áreas desmatadas ilegalmente e que esteja na lista de empreendimentos embargados pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis);
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se insira total ou parcialmente em floresta pública tipo B;
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tenha projeto ou orçamento previsto para supressão da vegetação nativa.
A norma determina que nos imóveis rurais de assentamentos da reforma agrária, comunidades tradicionais e Projetos Públicos de Irrigação, quando o CAR abranger áreas de uso coletivo, a restrição referente às áreas embargadas por órgãos ambientais se aplicará apenas à área embargada e ao financiamento rural do responsável pelo embargo.
Assim, as instituições financeiras devem estar muito atentas antes de fechar qualquer contrato de crédito rural, sobretudo para evitar danos à sua reputação frente aos órgãos como o Banco Central do Brasil e o Conselho Monetário Nacional.
Novidades da Resolução CMN nº 5.193/2024
A Resolução CMN nº 5.193/2024 tem como principais novidades a obrigatoriedade por parte das instituições financeiras do uso da base de desmatamento do projeto PRODES, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e que monitora a Amazônia Legal.
O PRODES produz anualmente, desde 1988, taxas de desmatamento na região, o que deve garantir mais precisão nas áreas analisadas.
Outra novidade é que as propriedades rurais que tenham realizado desmatamento por meio da ASV (Autorização de Supressão de Vegetação) terão que, a partir de 2 de janeiro de 2026, apresentar uma ASV para obter o crédito rural, conforme as alterações.
Já os imóveis rurais embargados por desmatamento, poderão acessar o crédito para recuperação da mata nativa até junho de 2027, caso cumpram os critérios dos projetos de recuperação e paguem as multas.
Além disso, foi aumentado o limite de 4 para 15 módulos fiscais para propriedades que podem acessar o crédito mesmo estando em floresta pública tipo B, mas desde que a área a ser financiada não esteja inserida total ou parcialmente na respectiva floresta.
É de grande importância você estar atento a estas mudanças e aplicar usar a inteligência territorial ao seu favor para a realização de negócios mais seguros.
Benefícios da inteligência territorial na análise de riscos no agronegócio
Os principais benefícios do uso da inteligência territorial na análise de riscos no agronegócio são a proteção contra perdas financeiras, as melhorias na produtividade e eficiência operacional, na tomada de decisões e a melhoria da reputação frente aos órgãos reguladores do Sistema Financeiro Nacional.
Esse deve ser um exercício constante de identificação, avaliação, controle e revisão dos potenciais riscos às atividades operacionais para concessão do crédito rural.
A identificação é a fase inicial do processo, no qual o responsável pela área de ESG ou Compliance da instituição verifica os dados da pessoa física ou jurídica que deseja acessar o crédito rural.
A partir da identificação, é possível obter um conjunto de informações necessárias para autorizar a liberação do crédito ou não, o que proporciona operações mais seguras.
Inteligência territorial na SpectraX: seu compliance alinhado com o ESG
A inteligência territorial na SpectraX é uma ferramenta estratégica que integra compliance e práticas ESG para promover decisões mais sustentáveis e responsáveis. Isso permite que bancos e cooperativas de crédito rural garantam conformidade com as normas do Manual de Crédito Rural.
Com soluções baseadas em dados precisos e análises detalhadas, a SpectraX oferece insights que ajudam organizações a identificar riscos, otimizar o uso de recursos naturais e promover a transparência em suas operações.
A inteligência territorial não apenas assegura o cumprimento das normas legais, mas também fortalece o compromisso das empresas com a sustentabilidade, a ética e a responsabilidade social.
Para obter as informações de que precisa, basta apenas inserir o polígono da área de interesse e dezenas de serviços estarão à sua disposição para a produção do seu relatório de compliance ou ESG.
Análises de riscos no agronegócio
Na análise de risco no agronegócio, além da análise territorial, é necessário também que sejam feitos outros acompanhamentos relacionados aos riscos biológicos, climáticos, econômicos, financeiros e operacionais.
1. Riscos biológicos
Os riscos biológicos dizem respeito à incidência de pragas, doenças e plantas daninhas que podem fazer as lavouras caírem de produtividade ou devastá-las por completo.
Doenças em animais, como fungos, bactérias e vírus, também podem causar grandes problemas para o setor pecuário.
Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), 40% da produção agrícola atual é perdida para as pragas.
2. Riscos climáticos
Os riscos climáticos são causadores dos mais graves problemas ao setor agropecuário. Secas, altas temperaturas, excesso de chuvas, enchentes, incêndios, geadas e granizo têm gerado grandes prejuízos ao longo dos anos, no Brasil e no mundo.
Eventos extremos, como a enchente no Rio Grande do Sul em 2024, além de causar a morte de pessoas, animais e plantas, destroem toda a infraestrutura necessária para que a cadeia de produção funcione.
3. Riscos econômico
Os riscos econômicos relacionam-se, sobretudo, com as oscilações de preço das commodities agrícolas, as taxas de câmbio, a lei da oferta e demanda de alimentos e os custos de produção.
Como a agricultura brasileira é muito dependente de insumos (adubos, fertilizantes, defensivos químicos), máquinas e equipamentos agrícolas, fatores que envolvem os países fornecedores, como disputas geopolíticas, podem interferir diretamente no custo de produção e nos preços.
4. Riscos financeiros
Os riscos financeiros são resultado de outros fatores, como condições adequadas de produção, com ferramentas e tecnologias para maior ganho de eficiência, o que vai resultar numa melhor condição de pagamento por parte do produtor rural.
Outros fatores, como taxas de juros e liquidez do fluxo de caixa, também devem ser acompanhados de perto pelas instituições financeiras que operam com crédito rural em curto e médio prazo.
5 . Riscos operacionais
Os riscos operacionais são muito passíveis de ocorrer no agronegócio, tais como falhas em equipamentos, maquinários e componentes eletrônicos, o que causa a interrupção das operações.
Os problemas operacionais podem ocorrer ainda com relação à logística e infraestrutura de transporte, armazenamento e distribuição dos produtos agrícolas. É sabido, por exemplo, que o Brasil possui um grande déficit de armazéns, que carece de expansão, demanda antiga do setor.
Conclusão
A análise de riscos no agronegócio, aliada ao uso da inteligência territorial, é uma ferramenta essencial para bancos e cooperativas de crédito rural garantirem operações mais seguras, sustentáveis e alinhadas às normas ESG.
A inteligência territorial, com suas tecnologias geoespaciais avançadas, permite identificar, avaliar e mitigar riscos sociais, ambientais e climáticos, em consonância com as normas do Manual de Crédito Rural.
E ao utilizar ferramentas oferecidas pela SpectraX, bancos e cooperativas podem não só cumprir as regulamentações, mas fortalecer sua reputação, proteger seus investimentos e promover decisões mais responsáveis e eficientes.
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